Terceiro setor ganha fôlego para enfrentar desafios com apoio da tecnologia
ONGs brasileiras apostam em tecnologia para economizar, agilizar processos e enfrentar desafios como a prestação de contas
A busca por mais eficiência e transparência na aplicação de recursos tem levado organizações do terceiro setor a adotarem soluções tecnológicas como aliadas estratégicas. Em um cenário de desafios crescentes — que vão da sustentabilidade financeira à resposta a emergências climáticas —, o uso de sistemas integrados de gestão vem se consolidando como ferramenta essencial para ampliar o impacto social.
Dois exemplos brasileiros mostram como a tecnologia pode transformar a atuação de entidades sociais: a Associação Comunitária Monte Azul, em São Paulo, e o Fundo Brasil, com sede na capital paulista e atuação nacional.
Desde agosto de 2024, a Monte Azul utiliza o sistema WK Radar para administrar suas operações. A ONG, que atende diariamente cerca de 1.400 crianças e jovens em três núcleos na zona sul da cidade, já registrou uma economia de cerca de 8% nas compras de alimentos e produtos de limpeza. A redução de custos veio com a automatização de cotações e o cruzamento de preços entre fornecedores.
“Fazendo cotações sempre com mais de um fornecedor, conseguimos economizar com facilidade”, afirma Brenno Alves Rodrigues, da equipe administrativa. “Antes, gastávamos 10 minutos para fazer uma cotação. Hoje, o sistema faz isso em menos de um minuto e já nos mostra o melhor preço”, completa Reginaldo Souza, responsável pelo setor de compras.
Além da economia, a integração entre departamentos trouxe mais agilidade na tomada de decisões, melhorou o planejamento logístico e ampliou a capacidade de atendimento da ONG.
No caso do Fundo Brasil, que há 18 anos financia iniciativas em defesa dos direitos humanos, a adoção do sistema também teve impacto imediato. Com a intensificação das crises socioambientais, como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024, a fundação precisou acelerar o repasse de recursos para ações emergenciais.
“Antes, eram necessárias até 10 consultas diferentes para reunir dados de um contrato. Agora, um simples filtro nos dá todas as informações”, relata Sandra Matos, analista financeira do Fundo. A centralização das informações e os alertas automáticos sobre vencimentos de contratos ajudaram a reduzir riscos e melhorar a comunicação entre os setores internos.
Segundo Sandra, a tecnologia também fortaleceu a segurança da informação — um ponto sensível para organizações da sociedade civil. “A tecnologia é essencial não só para chegar mais rápido onde precisamos, mas também para proteger nossos dados e nossa atuação”, afirma.
Apesar de contextos diferentes, ambas as organizações enfrentam um desafio comum: a complexidade da prestação de contas. Segundo Graziele França, especialista contábil da WK, esse é um dos maiores obstáculos do terceiro setor. “A maioria dessas instituições opera com uma contabilidade orientada por projetos, o que exige um controle muito mais rigoroso da alocação de recursos”, explica.
Na prática, isso significa que cada despesa precisa estar vinculada a um plano de contas específico para cada iniciativa, com códigos próprios e detalhamento minucioso. Além disso, é comum que ONGs precisem manter várias contas bancárias ativas — uma para cada edital ou convênio firmado.
“A rastreabilidade dos recursos é fundamental para garantir a transparência e atender às exigências dos financiadores”, destaca Graziele. Com quase 400 organizações do terceiro setor entre seus clientes, a WK aposta na tecnologia como ferramenta indispensável para garantir o cumprimento de normas, a confiabilidade dos dados e a credibilidade das entidades.